Embora a espécie canina esteja longe de enfrentar extinção, várias raças de cães em extinção estão vivendo um futuro preocupante. Dados recentes revelam uma tendência alarmante, em que dezenas de raças tradicionais e puras se aproximam de números perigosamente baixos, mesmo enquanto o número geral de pets nos lares bate recordes históricos.
Neste artigo, exploramos os fatores complexos que ameaçam raças específicas e o que isso significa para o futuro da diversidade genética em cães e para a diversidade canina de forma geral.
O Atual Cenário das Raças de Cães em Extinção
Informações do kennel club raças vulneráveis mostram que 35 raças caninas possuem atualmente menos de 300 registros de filhotes ao ano, o que as caracteriza como vulneráveis (cães ameaçados de extinção lista). O cenário se agrava: outras 14 raças estão em lista de observação, prestes a ingressar nesse grupo de risco. Existem casos críticos, como o Dandie Dinmont terrier situação e o otterhound em risco, que chegaram, em 2024, a apenas 81 e 42 registros de filhotes respectivamente – números bem abaixo do número mínimo de filhotes por ano considerado saudável para manter a variação genética.
Por Que as Raças Tradicionais Estão Desaparecendo?
Mudança nas Preferências dos Tutores
Apesar de vermos um recorde de pets em lares (94 milhões de famílias com animais nos EUA em 2024), há uma clara razão por que raças tradicionais perdem popularidade: o aumento das chamadas diferença entre raça pura e designer e das misturas versus raças tradicionais. A geração Z vem liderando o crescimento, mas prefere cruzamentos modernos e cães sem raça definida (SRD), ao invés de raças patrimoniais. Assim, tendências de tutores geração z cães têm direcionado o interesse para cães com aparência exótica ou traços considerados “de moda”, em detrimento das raças históricas.
Desafios Genéticos e de Saúde
Décadas de seleção rigorosa acabaram causando problemas de consanguinidade em raças e aumentando a incidência de doenças genéticas. O caso do doberman é emblemático: estudos indicam que a doberman cardiomiopatia dilatada dcm pode, até 2039, afetar quase todos os exemplares europeus da raça devido ao cruzamentos e gargalo genético. Quando há pouca variedade genética (riscos de baixa variabilidade genética), todo o grupo pode ser afetado por uma única mutação, ameaçando o futuro da população.
O Impacto das Práticas Modernas de Criação
O uso crescente do registro limitado em criação de cães (LR) afeta diretamente a saúde das populações. Hoje, 75 raças apresentam mais de 25% de seus filhotes sob essas restrições e seis chegaram a patamares críticos, com metade (ou mais) dos exemplares impedidos de se reproduzir. Essa medida foi adotada para preservar o padrão, mas acaba reduzindo tanto os registros disponíveis, quanto a base de genes de cada raça.
O efeito do show ring na genética influenciou negativamente a diversidade genética em cães: busca-se perfeição visual em detrimento da saúde, levando à perda de genes importantes e limitando ainda mais a variação necessária para robustez populacional. Isso agravou o cenário principalmente entre as 60 raças que já tinham menor quantidade de ninhadas (lista de raças vulneráveis brasil e mundo).
O Futuro das Raças Caninas
Apesar do aumento contínuo na quantidade de cães – já são 51% dos lares nos EUA e cerca de 68 milhões de cães – o futuro da diversidade canina não é garantido para todas as raças. O grande desafio consiste em equilibrar como preservar raças de cães respeitando a genética saudável, as novas preferências dos tutores e, ao mesmo tempo, combatendo a redução populacional das linhagens tradicionais (programas de conservação de raças caninas).
Perguntas Frequentes
- As raças de cães estão entrando em extinção?
A espécie cão não está em extinção, mas várias raças tradicionais têm números muito baixos de registros anuais e enfrentam risco de desaparecer sem ações de conservação. - Por que algumas raças ficam vulneráveis mesmo com mais lares com pets?
Mudanças de preferência (popularidade de cruzas e SRD), problemas genéticos acumulados e práticas de criação que reduzem a variabilidade explicam a queda em certas raças. - Quais raças são frequentemente citadas como mais ameaçadas?
Otterhound e Dandie Dinmont Terrier costumam aparecer com registros anuais abaixo de 100 filhotes, indicando risco elevado. - O que é variabilidade genética e por que importa para as raças?
É a diversidade de genes dentro da população; baixa variabilidade aumenta doenças hereditárias e reduz a resiliência, podendo levar a gargalos genéticos. - Como o registro limitado (LR) afeta as populações de raças?
Ao restringir a reprodução a poucos indivíduos, o LR pode manter o padrão de raça, mas diminuir a base genética e o número total de filhotes disponíveis. - O que é DCM nos Dobermans e qual o risco?
A cardiomiopatia dilatada é uma doença cardíaca hereditária com alta ocorrência na raça, agravada por base genética estreita, elevando o risco populacional. - Como tutores podem ajudar a preservar raças vulneráveis?
Busque criadores responsáveis que façam testes genéticos, apoiem diversidade e registros transparentes; participe e apoie clubes e programas de preservação. - Ter um cão de raça rara ajuda na conservação?
Sim, quando a tutoria é responsável: demanda consciente e reprodução criteriosa podem fortalecer populações sem comprometer a saúde. - O show ring prejudica a saúde das raças?
Quando a seleção foca apenas em conformação estética, genes importantes podem se perder; equilibrar padrão com saúde genética é essencial. - Raças mistas ou designer são mais saudáveis que raças puras?
Nem sempre. A heterose pode reduzir alguns riscos, mas sem seleção e testes adequados, cruzas também podem herdar problemas; saúde depende de manejo genético. - Quais medidas melhoram a saúde populacional de uma raça?
Aumentar a base efetiva de reprodutores, usar outcross planejado, testes genéticos, monitorar coeficiente de consanguinidade e metas de diversidade.